A EMI SURPREENDE MAIS UMA VEZ COM UM RESGATE HISTÓRICO

Caixa ‘Marcos Valle Tudo’ reúne sucessos, faixas inéditas do artista e sintetiza sua Obra

Com produção e curadoria de Charles Gavin, coleção conta com dez LPs lançados entre 1963 e 1974 e o disco ‘The lost sessions’. Com produção e curadoria de Charles Gavin e supervisão de Marcos Valle, a caixa Marcos Valle Tudo reúne em CD os 10 LPs que ele lançou na Odeon entre 1963 e 1974 - e ainda um disco, The lost sessions, com gravações que estavam inéditas. Em sua carreira, o compositor foi da bossa nova ao pop, flertou com música soul, clássica, rock e jazz e experimentou os novos recursos dos teclados eletrônicos. Influências diversas, sim, mas que resultaram numa obra muito pessoal, cujo ponto de partida pode ser ouvido nas obras contidas na caixa.Alguns dos títulos de Marcos Valle Tudo só eram encontrados em CD em edição japonesa, enquanto as versões originais em vinil viraram item de colecionador mundo afora. Além de reunir essa produção pela primeira vez no Brasil, sete dos LPs originais ganharam faixas-bônus, que estavam espalhadas em compactos e trilhas de cinema e novela ou saíram de versões instrumentais de algumas canções (em certos casos, com takes diferentes dos usados nos LPs). A obscura e pioneira canção de surfe Vamos pranchar, por exemplo, incluída no CD com o segundo LP de Marcos, O cantor e o compositor (1965), ficara restrita ao compacto simples com Samba de verão – que está, segundo a sociedade arrecadadora americana BMI, entre as cinco canções brasileiras mais regravadas de seu catálogo. Dois bônus vêm de trilhas sonoras: Berenice, adicionado a Marcos Valle (1970), é do filme Lua de mel com amendoim (direção de Pedro Rovai), enquanto O beato, da novela Selva de pedra, exibida na época do LP Vento sul, de 1972. Entre os clássicos redescobertos, nos últimos anos,  inclusive por um público mais jovem, estão Sonho de Maria, Preciso aprender a ser só, Samba de verão, Terra de ninguém, Gente, Os grilos, Batucada surgiu, Viola enluarada, O amor é chama, Mustang cor de sangue, Black is beautiful, Que bandeira. Outros achados da caixa são Ele e ela, tema instrumental/vocalise do disco Marcos Valle, de 1970, sampleado em 2009 pelo rapper Jay-Z na música Thank you; Freio aerodinâmico, instrumental do mesmo disco adotado nas pistas de dança européias;  Os dentes brancos do mundo (de Mustang…, 1969), regravado por Zélia Duncan em seu último CD; ou duas outras que encantaram DJs pelo planeta, Wanda Vidal (de Garra, 1971) e Mentira (de Previsão de tempo, 1973). Já o inédito The lost sessions traz gravações localizadas durante a pesquisa para esse projeto. Elas foram feitas em 1966, no estúdio que a Odeon tinha no Centro do Rio, para aquele que  deveria ser o seu terceiro álbum solo. No entanto, o estouro de Samba de verão nos EUA fez que Marcos interrompesse o disco e passasse quase dois anos fora do Brasil. Ao voltar, em fim de 1967, ele tinha outros planos e essas sessões foram esquecidas. Apenas quatro gravações saíram na época, num compacto duplo com Os grilos, Batucada surgiu, É preciso cantar e O amor é chama.  As faixas restantes de The lost sessions não estariam completas, ainda sem a parte vocal de Marcos, mas concepção e instrumentação, a partir dos arranjos de Marcos, Deodato e Vespar, já valem tudo!