Inezita Barroso: caixa de CDs resgata início da carreira da diva paulista da cultura caipira e regional.
Quem já tem simpatia pela octogenária cantora que há três décadas apresenta o programa “Viola, Minha Viola” (exibido pela TV Cultura), mas ainda desconhece o início de sua carreira, vai ter mais motivos para admirá-la, ao ouvir as gravações da caixa “O Brasil de Inezita Barroso” (lançamento Microservise). Com produção, pesquisa e textos de Rodrigo Faour, essa edição reúne, em seis CDs, os sete primeiros álbuns da intérprete, gravados pelo selo Copacabana entre 1955 e 1961, incluindo faixas bônus. Os encartes trazem as capas originais, letras das canções e saborosos comentários da artista sobre as 89 faixas. “Aí (eu) queria, porque queria, pegar uma viola na mão. Achava um instrumento diferente, com dez cordas, mas por causa do machismo ninguém me deixava”, recorda a cantora, nascida em 1925, em tradicional família paulista. Ignez Magdalena Aranha de Lima era criança, quando aprendeu a tocar violão. Escondida, espiava as aulas frequentadas por uma tia que, como ela, enfrentou o preconceito dos familiares em relação à música popular. Ainda na adolescência, começou a acumular seu vasto repertório de canções brasileiras, ampliado mais tarde em viagens que fez por diversas regiões do país. Em 1953, lançou um 78 rotações com a bem humorada moda de viola “Marvada Pinga”, sucesso que a acompanha até hoje. No papel de uma alcoólatra assumida, a intérprete chocou muita gente com essa gravação.
O primeiro CD da caixa, com os álbuns “Inezita Barroso” (1955) e “Lá Vem o Brasil” (1956), já evidencia a variedade de gêneros folclóricos que marcaram desde o início sua obra. De cantigas de ninar, como “Nana Nanana” (Manuel Bandeira e Heckel Tavares), à nordestina “Galope à Beira-Mar” (Luiz Vieira), passando pelo hino caipira “Tristeza do Jeca” (Angelino de Oliveira), o vozeirão expressivo de Inezita já unia sotaques musicais de diferentes rincões do país. Essa diversidade se acentua em “Vamos Falar de Brasil” (1958), que destaca o jongo “Zabumba de Nego” (Hervé Cordovil), a mineira “Festa do Congado” (Juraci Silveira) e “Lua Luá” (Catulo de Paula), inspirada no cordel do Ceará, além de dois grandes sucessos: a valsante “Lampião de Gás” (Zica Bérgami) e a regravação de “Marvada Pinga” (Laureano). “Inezita Apresenta” (1958) manteve a proposta de “falar de Brasil”, mas com um toque de irreverência. O eclético repertório – congada, cateretê, batuque, toada, seresta, pregão, samba-choro, canto de trabalho – foi composto só por mulheres, como a paulista Zica Bérgami, a mineira Juracy Silveira e a baiana Babi de Oliveira. Uma elegante alfinetada no machismo. Em “Canto da Saudade” (1959), o disco seguinte, ela interpreta arranjos do maestro Hervé Cordovil para clássicos da canção brasileira, como “Luar do Sertão” (Catulo da Paixão Cearense) e “Na Baixa do Sapateiro” (Ary Barroso). Nos dois álbuns restantes, Inezita fechou mais o foco. Em “Eu Me Agarro na Viola” (1960), afirma sua paixão pela cultura caipira (não confundir com a chamada música sertaneja de hoje, que ela critica por falta de autenticidade), em pérolas como “Moda da Mula Preta” e “Boi Amarelinho” (Raul Torres). Já em “Danças Gaúchas” (1961), passeia pelo folclore do Rio Grande do Sul, resgatando danças típicas, como a chimarrita, a rancheira e o balaio.
O primeiro CD da caixa, com os álbuns “Inezita Barroso” (1955) e “Lá Vem o Brasil” (1956), já evidencia a variedade de gêneros folclóricos que marcaram desde o início sua obra. De cantigas de ninar, como “Nana Nanana” (Manuel Bandeira e Heckel Tavares), à nordestina “Galope à Beira-Mar” (Luiz Vieira), passando pelo hino caipira “Tristeza do Jeca” (Angelino de Oliveira), o vozeirão expressivo de Inezita já unia sotaques musicais de diferentes rincões do país. Essa diversidade se acentua em “Vamos Falar de Brasil” (1958), que destaca o jongo “Zabumba de Nego” (Hervé Cordovil), a mineira “Festa do Congado” (Juraci Silveira) e “Lua Luá” (Catulo de Paula), inspirada no cordel do Ceará, além de dois grandes sucessos: a valsante “Lampião de Gás” (Zica Bérgami) e a regravação de “Marvada Pinga” (Laureano). “Inezita Apresenta” (1958) manteve a proposta de “falar de Brasil”, mas com um toque de irreverência. O eclético repertório – congada, cateretê, batuque, toada, seresta, pregão, samba-choro, canto de trabalho – foi composto só por mulheres, como a paulista Zica Bérgami, a mineira Juracy Silveira e a baiana Babi de Oliveira. Uma elegante alfinetada no machismo. Em “Canto da Saudade” (1959), o disco seguinte, ela interpreta arranjos do maestro Hervé Cordovil para clássicos da canção brasileira, como “Luar do Sertão” (Catulo da Paixão Cearense) e “Na Baixa do Sapateiro” (Ary Barroso). Nos dois álbuns restantes, Inezita fechou mais o foco. Em “Eu Me Agarro na Viola” (1960), afirma sua paixão pela cultura caipira (não confundir com a chamada música sertaneja de hoje, que ela critica por falta de autenticidade), em pérolas como “Moda da Mula Preta” e “Boi Amarelinho” (Raul Torres). Já em “Danças Gaúchas” (1961), passeia pelo folclore do Rio Grande do Sul, resgatando danças típicas, como a chimarrita, a rancheira e o balaio.
Ou seja, ainda nos primeiros anos de sua carreira, com talento e coragem, Inezita tomou para si o papel de divulgadora da música caipira e outros gêneros regionais, responsabilidade que mantém até hoje. Tomara que venham mais reedições com outros capítulos de sua preciosa obra.